Se entregar, hoje em dia, é muito difícil. As pessoas ficam sempre de olho para ver se não estão perdendo algo. A experiência de se entregar é sempre maravilhosa, apesar de algumas vezes não dar certo no final. Mas mesmo quando não dá certo no final, perde mais quem não se entregou, pois este não viveu nada. Quem se entrega mais consegue depois até se refazer, esquecer aquele relacionamento porque está consciente da sua capacidade de amar e, certamente, como essa capacidade de amar ela vai encontrar uma outra pessoa talvez mais madura que a primeira. O próprio poeta Vinicius de Morais em uma de suas músicas já dizia que: “a vida só se dá pra quem se deu. Prá quem amou, prá quem chorou, prá quem sofreu. Ai de quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não.” Além disso, quem vive se defendendo do amor vai perceber, quando envelhecer, que desperdiçou completamente sua vida, porque a vida não é só juntar bens e dinheiro. A pessoa poderá, pelo contrário, avaliar que sua vida foi muito feliz por tê-la curtido ao lado de alguém que amava, do seu bem. A vida é curta! Vai ficar se defendendo até quando? As pessoas costumam falar muito pouco sobre o quanto amam e fazer elogios às pessoas próximas.

Quanto à questão do poder, incrivelmente ela pode ocorrer em todos os relacionamentos de uma forma mais clara ou mais dissimulada. O casal precisa aprender a solucionar situações de conflito que essa questão provoca, pois são naturais em toda nossa vida. No casamento temos que tomar muitas decisões importantes e, tal qual numa situação de conflito no trabalho, existem algumas regras básica na solução de conflitos. Em uma situação de conflito se alguém grita com você, você certamente vai querer sair fora da negociação! De outro modo, se alguém foge das situações elas se somam; sujeira por debaixo do tapete tem um limite muito estreito. Temos que cultivar a ideia de ouvir mais o outro, não julgar apressadamente; o ser humano em geral detesta ser mal julgado. Quando o casal aprende a solucionar conflitos amadurece e ganha estabilidade e comprometimento. Quando há respeito, o relacionamento passa a ser efetivo, produtivo, muito bom, e aí ninguém vai querer sair dele.

E tem mais: quando a pessoa tem certeza do que representa para o outro, geralmente o problema do poder tende a diminuir. Eu sempre falo para os casais que ter poder é legal, mas custa muito caro! Precisa sempre estar atento ao fato de que ninguém é, foi, ou será feliz exercendo poder sobre seu parceiro. Quem detém o poder pode ter até uma impressão de felicidade momentânea, mas o outro, até mesmo inconscientemente, vai boicotar essa felicidade. No casamento “união” é uma palavra mais forte que poder. Essa realmente traz sentimento de fortaleza e de felicidade.